Projeto de pesquisa

Resumo:

Nos últimos sessenta anos as cidades têm crescido e se desenvolvido numa velocidade muito grande. Nesse período, praticamente em todo o mundo houve uma inversão entre o número de habitantes rurais e urbanos, sendo que estes últimos ultrapassaram muito, em número, a população rural. Segundo a Censo de 2010, 84% da população brasileira localiza-se em centros urbanos (IBGE, 2019). Devido a essa situação, que tende a tornar-se cada vez mais crítica, as cidades têm crescido de forma rápida com pouco ou nenhum controle. Isto leva a geração de tensões urbanas de diversos tipos, bem como a um aumento dos custos de manutenção dessa realidade. O poder público tem que gastar mais para tentar suprir as demandas que surgem com o crescimento urbano. Essas concentrações podem levar a uma reformulação da circulação e do próprio desenho urbano, o que faz com que ocorram prejuízos para a qualidade de vida e qualidade ambiental urbana. Isso ocorre em função da demanda por habitação ser bem maior que a oferta, o que leva a população, principalmente a de menor renda, a ocupar regiões cada vez mais distantes do centro da cidade. Por tratar-se, muitas vezes, de ocupações irregulares, pode-se verificar que vários fatores relacionados à qualidade de vida e qualidade ambiental não são observados. Essa qualidade de vida tem sido medida de maneira incompleta, uma vez que é realizada de forma segmentada, e esse é o ponto central desta proposta: falta uma “costura” de índices espaciais, além dos tradicionais a-espaciais, de forma a permitir uma visão diferenciada e mais próxima da realidade. Comumente são encontradas na literatura diversas formas de se mensurar as dimensões urbanas. Quase sempre cada uma dessas dimensões é estudada e avaliada de maneira isolada. Essa visão segmentada não permite que a cidade seja compreendida de forma mais realista e abrangente. Para efeito deste estudo a construção de um índice composto é fundamentada em procedimentos estatísticos. Para tal adotam-se três grandes dimensões urbanas: configuração espacial – dispersão urbana, sintaxe espacial, distância ao centro de comércio e serviços, densidade viária e ociosidade per capita; aspectos socioeconômicos – exclusão e inclusão social; e aspectos ambientais – atividade fotossintética e ilhas de calor. Assim, será desenvolvida a relação entre eles com a utilização, como unidade espacial comum, dos setores censitários urbanos, dos censos de 2000 e 2010, e do futuro censo de 2021, com o intuito de se compreender a interação entre esses diferentes aspectos, que compõem o cenário urbano global. Buscar-se-á gerar, desse modo, uma nova forma de visualizar e analisar as questões urbanas, e que podem subsidiar tomadas de decisões sobre a manutenção e melhoria das cidades. Na sequência, e assim que for possível, os dados do Censo de 2021 serão analisados, e um estudo comparativo da evolução da metrópole nos últimos vinte anos será feito.

Integrantes:

Rômulo José da Costa Ribeiro (coordenador)

Financiamento: FAP-DF e PIBIC